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Trincas e Fissuras

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Um fenômeno construtivo muito comum é caracterizado pelo afastamento ou abertura do material em determinados locais, denominado fissura, trinca, rachadura ou fenda, de acordo com a magnitude. 


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Estes fenômenos nem sempre são patológicos. Muitos deles ocorrem naturalmente, e com um olhar técnico é possível determinar as causas e as possíveis soluções.

Listamos abaixo 10 destes fenômenos que com muita facilidade você irá encontrar em uma construção. 

Ressaltamos que muitas vezes o problema é muito complexo, dada a quantidade de fatores que influenciam o surgimento destes efeitos. Portanto, leia abaixo, estude e procure pesquisar em campo os fenômenos, e só então tire suas conclusões. 

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1 – Retração de Argamassa  

A argamassa utilizada no revestimento de paredes e lajes sofre naturalmente perda de água por evaporação. O material, no momento em que é aplicado na superfície, encontra-se no estado fresco e com determinado volume. Durante a secagem, a perda de água faz com que o volume original seja reduzido, dando origem as fissuras.

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Fissuras de retração na argamassa de revestimento.

Não é necessário tratá-las logo após o surgimento. Elas serão preenchidas posteriormente por massa PVA de resina vinílica – a famosa massa corrida. Este material é aplicado sobre o reboco para nivelar a superfície e promover a aderência necessária à aplicação da pintura.

É importante ressaltar que maiores aberturas no revestimento podem indicar outros fatores (fora a retração) como causa principal das fissuras. Neste caso, aconselha-se consultar profissional especializado para indicação de solução específica para o novo problema em questão.

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2 – Amarração em Parede-Pilar

A parede de alvenaria e o pilar de concreto são dois conjuntos distintos, com composições e características diferentes. Logo, irão se deformar de maneira diferente de acordo com os esforços solicitantes (de força e de temperatura). Dessa forma, é necessário utilizar-se de um artifício que promova rigidez no encontro da parede com o pilar.

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Falta de amarração da parede no pilar, originando posteriormente a trinca. Tela de reforço em Alvenaria Estrutural e no encontro de alvenaria de vedação com pilar.

Este tipo de fissura ocorre devido à existência de esforços de tração, que não são resistidos pela argamassa presente na alvenaria. Para contornar o problema, deve-se realizar a amarração com material resistente à tração. E nada melhor do que o aço

3 – Deformação de Viga

Ao dimensionar uma viga de concreto armado, é previsto que a peça se deforme e fissure. As principais fissuras que ocorrem são devidas ao esforço de tração causado pela flexão.

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Ensaio de rompimento de viga por imposição de flexão simples. Observe as fissuras que ocorrem no centro da viga, indicando tração na face inferior da peça.

Existem também as fissuras devido ao esforço cortante, que são mais difíceis de se notar, pois esses esforços não são predominantes nas peças de concreto. Essas fissuras ocorrem a aproximadamente 45 graus do local onde a viga está apoiada.

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Ensaio em viga de concreto, revelando fissura devido à tensão cisalhante.

Portanto, as fissuras do concreto podem ser previstas na fase de projeto, ao observar os diagramas de esforços.  Tais deformações são um tipo de controle tecnológico, uma vez que fornecem ao engenheiro informações sobre o comportamento da estrutura.

Por exemplo: tem-se um viga prevista para ter deformação máxima de 2 centímetros. Após submetê-la ao carregamento de projeto – uma parede de alvenaria – percebe-se que a mesma deformou 4 centímetros, indicando que algo não está correto – seja o projeto, a execução ou algum carregamento não previsto.  

Do contrário, se a peça estivesse muito rígida (super-armada, ou seja, mais aço do que o necessário), as deformações seriam discretas e mínimas, e caso um carregamento maior do que o de projeto fosse colocado sobre a viga a mesma não iria “denunciar” a situação ao engenheiro, e dessa forma, poderia acontecer o rompimento súbito por compressão da viga. Por este motivo, as vigas de concreto são dimensionadas para terem deformações controladas, para que se obtenham subsídios para a avaliação visual do desempenho.

4 – Ascensão Capilar em Revestimento

A impermeabilização dos baldrames (base das alvenarias) e fundações em geral serve para prevenir a ascensão capilar da água vinda do solo. Se a água ascender, irá causar, entre outros problemas, o descolamento dos revestimentos da parede.

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Revestimento argamassado sendo comprometido pela ação capilar.

É importante ressaltar que a impermeabilização não garante que esta patologia não ocorra, pois muitos fatores estão envolvidos – qualidade do material, execução correta dos serviços, substrato agressivo aos baldrames, etc. Além disso, com o passar do tempo, o material impermeabilizante começa a se desgastar e o efeito da água poderá ser notado no revestimento argamassado.

5 – Cura Deficiente do Concreto

Durante o processo de endurecimento, o concreto perde água por evaporação. Essa perda de água é prejudicial pois diminui diretamente a resistência do concreto, por dar espaço ao surgimento de poros e aberturas na estrutura.

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Fissuras devida à perda de água do concreto.

Para prevenir este fenômeno, realiza-se a cura, que consiste em hidratar regularmente as peças de concreto. Existe a probabilidade destas fissuras ocorrerem ainda que se realize a cura (mas em menor escala), devido à imprecisão do serviço e também das características dos materiais envolvidos, além do clima da região

6 – Ausência / Ineficiência de Verga

Em uma parede (seja de vedação ou estrutural), o esforço predominante no conjunto é o de compressão (devido ao peso próprio). Ao se retirar uma fração de material para abrir um vão para instalação de esquadria, esforços de tração surgem devido à tendência dos materiais  se flexionarem.

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Representação das deformações que ocorrem em vão de esquadria.

As vergas e contra-vergas são vigas de concreto armado posicionadas nas aberturas dos vãos de esquadrias, que têm como função resistir aos esforços e prevenir o surgimento de trincas nas bordas. 

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Trincas devido à inexistência ou à ineficiência das vergas e contra-vergas instaladas. À direita, indica-se a posição das peças de concreto armado.

7 – Deformação do Gesso

Assim como a parede de alvenaria, o gesso precisa ser “amarrado” às suas bordas, onde geralmente se localizam paredes e vigas, elementos sujeitos a deformações. As movimentações do conjunto causam, com o tempo, o descolamento do gesso nas bordas, revelado por uma fissura contínua.

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Trincas em encontro do gesso com a parede. À direita, rebaixamento utilizado para esconder as possíveis fissuras.

Para prevenir esta patologia devem ser previstos mecanismos que permitam maior movimentação do conjunto, ou até mesmo formas de esconder as fissuras  – geralmente é feito o rebaixamento do forro.

8 – Trinca em Alvenaria por Dilatação

Um fissura horizontal ocorre muito facilmente nas alvenarias do último andar de edifícios, devido à exposição da superfície da laje à radiação solar, que faz o conjunto se dilatar e dessa forma tracionar as vigas, e consequentemente as paredes que a elas estão vinculadas.

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Representação da dilatação da laje devido à carga térmica da incidência solar.

A fissura se dá, de maneira mais objetiva, na argamassa, elemento menos resistente do conjunto.

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Trincas em alvenaria devido à dilatação térmica da laje.

Para evitar esta patologia, primeiramente, o engenheiro projetista da estrutura deve ter em mente a probabilidade dela ocorrer e projetar os elementos da região superior de forma que os mesmos consigam resistir ao máximo às dilatações. Em segundo lugar, o engenheiro de execução deve saber que os materiais de impermeabilização, geralmente na cor preta, retêm calor e isso contribui para as dilatações da laje

O efeito da dilatação pode ser mais devastador ainda em edifícios de alvenaria estrutural, pois estes não tem vigas – possuem somente as cintas de fiada, são muito menos rígidas do que uma peça de concreto armado.

9 – Trinca em Alvenaria por Recalque

Este tipo de trinca é muito perigosa, uma vez que revela o comprometimento da estrutura da edificação.

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Como as alvenarias encontram-se, geralmente, confinadas entre os elementos estruturais, elas “denunciam” o recalque diferencial de fundação por meio de longas trincas.

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Trincas em alvenaria devido ao recalque diferencial de fundação.

10 – Descolamento de pintura

Um dos problemas comuns em pinturas é a ocorrência de enrugamento. Isso ocorre devido à aplicação do material sobre superfície úmida.

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Descolamento e enrugamento de pintura devido à umidade.

Outro problema é caracterizado pelo descolamento da película de pintura. Isso pode acontecer devido à umidade, proveniente de infiltrações ou de ascensão capilar

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Podemos concluir, após o conhecimento dos fenômenos citados acima, que a ocorrência de trincas e fissuras é de certa forma benéfico para a construção. Isto porque o surgimento destas aberturas nos materiais “informa” ao técnico construtor o desempenho e o comportamento do objeto. Do contrário, possíveis problemas construtivos que não se manifestassem iriam evoluir até tornarem-se extremamente prejudiciais e comprometedores ao empreendimento. Dessa forma, é reconhecido então o valor da engenharia: formar profissionais capazes de solucionar problemas em diversas situações. Existem milhares de patologias e outras manifestações nas construções que podem ter várias explicações, que requerem conhecimentos sólidos, experiência e raciocínio lógico para serem explicados. O engenheiro atua, dessa forma, analisando cada situação isoladamente e propondo em seguida às soluções cabíveis. Para atuar na área de avaliações e perícias técnicas, é muito importante que o engenheiro tenha experiência com obras de construção civil e que tenha cursado na sua graduação ao menos uma disciplina voltada à identificação e recuperação de patologias construtivas. 

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