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Antes de iniciar uma obra, você – o engenheiro, deve ter em mãos, com certa antecedência, TODOS os projetos referentes à obra. Por vários motivos:
– Você precisa estudar profundamente os projetos, a fim de entender plenamente o que se pretende construir;
– Você deve verificar se os projetos contêm erros e/ou omissões;
– Você precisa saber se o projeto é exequível.
Enfim, você deve identificar previamente possíveis problemas que podem atrapalhar a concepção do empreendimento.
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Estude os projetos, entenda-os e, principalmente, visite o local da obra.
Um bom motivo para estudar e ter os projetos bem definidos na mente é que, durante a obra, você trabalha mais seguro tecnicamente e tem condições de tomar pequenas decisões com maior rapidez, reduzindo a necessidade se debruçar sobre os projetos.
Além disso, a visão espacial de todos os elementos da obra, quando em seu domínio, fornece melhores condições a você, gestor da obra, orientar a execução dos serviços aos colaboradores.
Um dos projetos que tem o poder de causar grande transtorno à construção se contiver erros / omissões é o de topografia – projeto este que vai muito além da planimetria e altimetria. Parte fundamental do processo consiste no cadastramento, descrição da área e identificação da infraestrutura do entorno.
Sabendo-se que geralmente os projetos de topografia não contemplam tantas informações, a visita ao local da intervenção é importante para que seja feita a análise da coerência do levantamento, além da verificação da infraestrutura disponível e de elementos extraordinários, que são identificados mais facilmente pelo profissional de engenharia – como exemplos principais, podemos citar a necessidade de drenagem especial e tratamentos geotécnicos (estabilização com taludes ou muros de contenção).
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Erros e Omissões
É muito comum encontrar erros em projetos durante a obra, pois durante o processo construtivo é que se tem a real necessidade de entender a distribuição espacial dos objetos projetados.
Podemos dizer que os primeiros erros com os quais podemos nos deparar em projetos são simples, e geralmente não comprometem a obra: falta de algumas cotas, impressão fora de escala, ausência de informações secundárias, entre outros.
Em segundo, temos um erro que já apresenta comprometimento para a obra: projeto de má qualidade.
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Falta de cotas, ausência total de detalhes e especificações técnicas, impressão fora de escala e em tamanhos de folha inadequados, desobediência às recomendações da ABNT para desenho técnico, e além disso, o fato do próprio desenho apresentar difícil leitura e interpretação.
Em terceiro, há um problema que não constitui um erro em essência, e sim uma limitação tecnológica – a incompatibilidade dos projetos, isto é, os projetos foram feitos separadamente e cada projetista posicionou seus elementos como bem quis. Isso quase sempre resulta em alterações de última hora ou na demolição parcial dos elementos já executados para realizar as adaptações necessárias. A compatibilização dos projetos antes do início da obra evita retrabalho e reduz custos.
Para solucionar o problema da compatibilização de projetos, temos o crescimento da utilização de softwares BIM – Building Information Modeling, que são capazes de comportar em um único arquivo tridimensional todos os projetos – estruturas, vedações, instalações, acabamentos, etc.
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Projeto problemático e/ou inexequível
Para a engenharia, nada é impossível. Mas, economicamente falando, uma construção pode ser inviável, dependendo dos recursos disponíveis.
Isso quer dizer que, ao receber os projetos, você deve analisar a viabilidade da construção, em relação aos recursos financeiros, humanos, materiais e técnicos.
Mas, em geral, o dinheiro é o fator primordial. O dinheiro compra os materiais. O dinheiro paga os colaboradores. O dinheiro paga os melhores colaboradores para realizar o trabalho com os melhores materiais. Sem dinheiro, não há obra.
Quanto mais dinheiro disponível, maior a liberdade, sofisticação e qualidade que a construção poderá receber. Garantir tudo isso é trabalho do engenheiro.
Deve-se analisar também a existência de problemáticas no projeto. Ainda que você não seja o projetista, você deve conhecer as diversas áreas da engenharia para interpretar e analisar a exequibilidade dos projetos.
Por exemplo, para um edifício com estrutura de concreto armado, pode-se verificar a localização das armaduras positivas e negativas – o engenheiro que estudou bem as disciplinas de mecânica das estruturas irá identificar os locais com momentos críticos e assim, confirmar o posicionamento das armaduras sem a necessidade de cálculos.
Sabe-se que a sua ART, como engenheiro da obra, contemplará somente a responsabilidade técnica pela execução do empreendimento.
Mas, e se algum projeto possuir algo que prejudique a sua funcionalidade parcial ou total?
Convencionalmente, deve-se entrar em contato com os projetistas para informar possíveis erros nas peças técnicas, e solicitar as devidas correções.
Portanto, analise os projetos. Caso algum problema venha a acontecer na obra, devido a deficiências no projeto, o primeiro que leva a culpa é você – responsável pela execução – até que se prove o contrário.
Estude os projetos, entenda-os e, principalmente, visite o local da obra.
(Escrito por Cícero Batista Júnior. Revisão: Úrsula Lacerda)
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