A grande maioria das edificações brasileiras é construída em estrutura de concreto, em modelo de pórtico. A construção desta etapa da obra é crítica, uma vez que pode chegar a custar mais de 30% do valor total do investimento.
Uma das tarefas do gerenciamento da construção consiste em conduzir as atividades de concretagem, desde a gestão das equipes até a previsão do volume de concreto necessário para cada situação, e a respectiva compra de materiais.
Em pequenas construções, costuma-se utilizar betoneira na obra para produzir o concreto. Mas, com empreendimentos maiores, utilizar concreto usinado é a melhor solução. Existe, porém, obras de porte médio nas quais se faz necessário um estudo de engenharia econômica para determinar qual a melhor solução.
Para dimensionar o volume de concreto, deve-se ter o projeto estrutural em mãos, e realizar o levantamento quantitativo – com ou sem auxílio da informática. Para facilitar a vida do engenheiro da obra, alguns projetistas têm o hábito de quantificar os insumos (volume de concreto, área de formas e quantidade de aço).
Em todo caso, recomenda-se, antes de iniciar a obra, realizar um estudo dos projetos estruturais e posteriormente consultar o engenheiro calculista para saber sobre detalhes e cuidados na hora da construção. Por vezes, um memorial descritivo rico em informações pode dispensar a consulta com o projetista.
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De maneira geral, podemos dizer que o concreto pode ser produzido por 3 métodos: Manualmente, em betoneira e usinado.
A decisão por qual método utilizar vai depender das necessidades construtivas, do porte da obra, das exigências técnicas de projeto e dos recursos financeiros disponíveis.
1. CONCRETO PRODUZIDO MANUALMENTE
Este concreto é utilizado para preparar lastro para contrapiso ou regularização de base de fundações. Não é indicado para fins estruturais, embora seja comum ver a utilização em obras de pequeno porte (pequeno mesmo) e reformas.
Passo-a-passo de como realizar a mistura manual dos elementos para se obter o concreto. À direita, fotografia do processo.
A dosagem é feita pelos operários – com controle técnico fraco ou inexistente -que utilizam pás e enxadas para realizar a mistura, geralmente no chão, sobre uma superfície lisa.
2. CONCRETO PRODUZIDO EM BETONEIRA
O trabalho é realizada na betoneira, com controle médio de dosagem. A energia imposta pela rotação da máquina promove uma mistura mais eficiente dos componentes, promovendo consequentemente um concreto de qualidade superior ao produzido manualmente e que pode ser aplicado para fins estruturais, sempre acompanhado por profissional habilitado (engenheiro civil). Ainda assim, é recomendável que se faça o controle tecnológico do concreto (ensaios de laboratório).
Passo-a-passo de como realizar a mistura em betoneira dos elementos para se obter o concreto. À direita, fotografia do processo.
Existem betoneiras de diversos tamanhos. A mais comum e utilizada é a de 400 litros, que produz em média, para “uma massada” – isto é, o traço relativo a 1 saco de cimento – 160 litros de concreto, ou 0,16 m³. A de 600 litros é a maior betoneira fixa que se encontra comumente no mercado.
Para conhecer o volume real produzido de concreto, é necessário que seja feito um acompanhamento inicial rigoroso da produção na obra, para que a partir dos resultados observados, tenha-se condições de dimensionar o número de “betonadas” para uma concretagem e assim comprar os materiais necessários com maior segurança.
O concreto de betoneira produzido na obra pode ser utilizado para estruturas de porte médio. Ressalta-se que, para a construção de qualquer estrutura com este tipo de concreto, é recomendável que seja feito no mínimo o ensaio de rompimento de corpo-de-prova.
3. CONCRETO USINADO
Produzido na central de concreto – ou, usina de concreto, como é mais conhecida – onde se encontram todos os componentes necessários e um maquinário capaz de realizar a dosagem, sendo a mistura realizada pelo próprio caminhão-betoneira – tudo isso com alto controle tecnológico. Dessa forma, tem-se um produto final com maior qualidade e confiabilidade.
Usinas de concreto, com silos, balança para agregados e caminhões-betoneira.
Além disso, o concreto usinado está associado a elevadas produtividades, uma vez que é possível obter uma quantidade maior de concreto em um intervalo de tempo menor do quenos processos manuais e com betoneira.
Temos duas maneiras de adquirir o concreto usinado: instalando uma usina no canteiro ou comprando concreto fabricado.
As usinas de concreto geralmente têm um laboratório para ensaios com o concreto, para garantir que as exigências técnicas sejam atingidas.
Para saber como funciona uma usina de concreto, assista o vídeo abaixo:
Discussão
Os diferentes métodos apresentados são indicados para situações específicas. De qualquer forma, em uma obra de qualquer porte é importante ter uma betoneira no canteiro – a qualquer momento você pode precisar produzir concreto.
Para determinar qual o concreto utilizar, você deve calcular o volume necessário para o período de atividade, e avaliar o resultado em relação às seguintes variáveis:
– Custos
Se a necessidade de uso de concreto for mínima, para um pequeno serviço, é melhor produzir manualmente – tarefa realizada facilmente por dois operários; dessa forma, não serão feitos gastos com a compra / aluguel da betoneira, que inclusive precisa de uma ligação trifásica de energia, aumentando ainda mais os custos.
– Produtividade
Para analisar a produtividade, não levaremos em conta o concreto produzido manualmente, uma vez que a disputa crítica é determinar até que ponto é viável utilizar a betoneira antes de optar pelo concreto usinado.
Com o valor do volume necessário de concreto em mãos, verifique os níveis de produtividade das equipes de betoneira. Se o tempo necessário para a concretagem não for compatível com a produtividade disponível, é necessário pensar em concreto usinado, que produz maiores volumes em menor tempo, além de dispensar um grande número de operários para realizar a dosagem.
Em geral, os caminhões betoneira tem capacidade de 5m³. Se for comprar concreto fabricado, consulte antes o volume mínimo que as empresas aceitam contratar.
– Exigências Técnicas de Projeto
O concreto usinado, devido ao rigor técnico na dosagem, tem maiores chances de atingir as exigências técnicas construtivas e do cálculo estrutural- fck e slump como principais parâmetros.
À esquerda, teste de rompimento de corpo-de-prova; À direita, Slump Test.
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Conclusão
Constata-se que o plano de concretagem tem como variável mais significativa o tipo de obra (porte e finalidade). A partir desta informação, prossegue-se aos estudos dos demais parâmetros para determinar a melhor alternativa que represente ao mesmo tempo economia e garantia de qualidade.
(Escrito por Cícero Batista Júnior. Revisão: Úrsula Lacerda)
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