Arquitetura ou Engenharia?
- Box Construtora
- 7 de jan. de 2015
- 4 min de leitura

Com certeza você já deve ter ouvido algo do tipo:
1 – Quem sabe mais, o engenheiro ou o arquiteto?
2 – O que é melhor, arquitetura ou engenharia?
3 – Por que engenheiros e arquitetos não se gostam?

De fato, existe uma situação entre os arquitetos e engenheiros.

O certo é que não podemos chamar de rivalidade, pois isso só acontece quando temos a disputa por melhores resultados em uma atividade específica, o que não é o caso da engenharia e arquitetura, profissões que desenvolvem atividades bem diferenciadas.
“Como assim?”
O engenheiro civil aprende no seu curso de graduação a projetar e construir as obras civis com foco na garantia de estabilidade e promoção da economia através da racionalização no uso dos materiais e métodos.
O arquiteto aprende no seu curso de graduação a projetar os ambientes internos e externos com foco na funcionalidade e na estética. Este profissional determina o acabamento das superfícies e pode também atuar na decoração do ambiente.

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Respondendo a pergunta 1 – Quem sabe mais?
Os dois são bons no que fazem.
Os dois são profissionais bem diferentes que trabalham no mesmo segmento da economia.
Cada um tem suas funções e seus conhecimentos. Não há como comparar.
Respondendo à pergunta 2 – Qual o melhor?
Existem profissionais de todas as qualidades em todas as áreas do trabalho.
Tanto são encontrados engenheiros ruins, assim como arquitetos ruins. E também arquitetos excelentes, como Oscar Niemeyer e Mario Botta, e engenheiros excelentes, como o José Carlos Sussekind e Gustave Eiffel.
E para a pergunta 3 – Por que eles não se dão bem?
Quando se fala em engenheiros e arquitetos não se darem bem, isso se deve ao fato de que os projetos dos dois devem ser compatibilizados.
Um dos conflitos mais comuns ocorre quando o arquiteto entra em desacordo com o projeto estrutural, que quase sempre (99% dos casos, para obras de concreto armado) reduz a área útil dos cômodos devido ao posicionamento de pilares nos cantos e arestas.
Outro exemplo desse conflito é quando o arquiteto projeta formas esbeltas e delgadas, que são difíceis de calcular e por vezes inexequíveis com os materiais disponíveis.

Para construir o objeto projetado, os dois devem trabalhar juntos para realizar as modificações necessárias e entrarem em acordo, fazendo a dosagem adequada dos elementos estruturais com os detalhes arquitetônicos para que o produto final agrade aos dois: a estética, para o arquiteto, e a estabilidade, para o engenheiro.

Construção da Fachada do Cariri Garden Shopping/ J. do Norte – CE. Modificações no projeto arquitetônico, em função das necessidades estruturais.
As diferenças surgem porque, em resumo, cada um quer ter suas medidas e ideias definidas e consolidadas.
Outro conflito começa quando o arquiteto, em prol da estética, vai contra a os princípios econômicos, que nada mais é do que a base do curso de engenharia.
Podemos citar como exemplo, o dimensionamento de um piso cerâmico com modulação em ângulo para um determinado ambiente.
O engenheiro procuraria uma paginação que promovesse produtividade às equipes de instalação e que reduzisse ao máximo o corte de cerâmica, enquanto o arquiteto projetaria a instalação das peças em ângulo, aumentando e dificultando o corte de cerâmica, além de promover decréscimo na produtividade das equipes.

Além disso, pisos cerâmicos instalados em ângulo são mais suscetíveis a patologias de descolamento, devido às deformações da laje. Ocorre mais facilmente neste caso porque as juntas dos pisos (material elástico – denominado rejunte – que permite que o piso cerâmico sofra pequenas deformações sem que o conjunto seja danificado) não estão na direção de armação da laje.
Na maioria dos casos, quem toma as decisões no prosseguimento dos projetos, por incrível que pareça, é o dono do empreendimento, tenha ele formação técnica ou não.
Isso porque o proprietário da obra, a partir do seu gosto e do seu poder financeiro, irá definir se o empreendimento contará com a opção mais econômica (engenharia) ou com a opção que possa ser mais onerosa, mas que tenha o diferencial estético (arquitetura).
Vale ressaltar que muitas vezes, os detalhes arquitetônicos de uma edificação, que venham a acrescentar nos custos da construção, trazem valorização ao empreendimento que pode multiplicar por muitas vezes os rendimentos do proprietário.

Para você ter uma ideia: os empreendimentos imobiliários de maior sucesso, atualmente, trazem nos seus panfletos maquetes eletrônicas e representações do design interno, para que o cliente consiga visualizar melhor o produto finalizado. Os possíveis clientes não estão interessados em saber se a fundação é rasa ou profunda, por exemplo – da engenharia, o que importa para eles é o prédio ser estável e funcional.
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Por fim, percebe-se que o correto é sempre, antes de projetar, seja você da engenharia ou arquitetura, conhecer os métodos do seu companheiro profissional e saber o que ele deseja no projeto, para dessa forma, reduzir os conflitos (reduzir mesmo, pois dificilmente eles não acontecerão).
Cada um tem seu mérito. Cada um deve ser respeitado e compreendido ao exercer as suas funções.
E vale lembrar que foi a partir da ousadia de alguns arquitetos que surgiram grandes engenheiros.
NOTA1: Nem todos os arquitetos projetam com detalhes complicados e sem se preocupar com a questão econômica. E nem todos os engenheiros projetam e constroem tentando economizar em tudo. Bom senso é presente e válido nas duas profissões.
NOTA2: Este texto se refere em geral a área de edificações de construção civil
(Escrito por Cícero Batista Junior. Revisão: Úrsula Lacerda)
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