Alvenaria de Pedra e Concreto Ciclópico
- Box Construtora
- 13 de jan. de 2015
- 3 min de leitura
Um sistema construtivo, muito utilizado e pouco reconhecido pela literatura, é composto por ligante cimentício e grandes pedras – com dimensões que por vezes superam os limites de classificação “graúdo“, da ABNT, com diâmetro nominal máximo de 152 mm.
Essas pedras são popularmente conhecidas como “pedra-de-mão“, “pedra-rachão” ou ainda “matacão“.
É possível observar que muitas vezes, os dois sistemas construtivos – alvenaria de pedra argamassada e concreto ciclópico – são tratados como se fossem uma mesma técnica, o que é incorreto.
Isso ocorre porque o método de dosagem dos elementos não são embasados em estudo técnico regulamentado, e sim na cultura de uma localidade e dos seus profissionais. Dessa forma, de local a local, varia-se muito a mistura e a utilização desse material.
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Através de uma análise dos sistemas construtivos, baseando-se na teoria dos materiais de construção, é possível indicar características determinantes que os diferenciam.
Alvenaria de pedra argamassada (APA) é o sistema construtivo que utiliza grandes pedras ligadas por argamassa. É comumente utilizada em muros de divisão e monumentos, conferindo aspecto arquitetônico à construção. Também é comum observar a utilização da APA em pequenos muros de arrimo, onde o mesmo é do tipo “por gravidade“, o qual terá esforços de flexão mínimos.
Concreto ciclópico (CC) é basicamente o concreto convencional, resultante da mistura de água, brita, areia e cimento, com uma Adição – as grandes pedras. É utilizado na construção de fundações e baldrames, dada a maior resistência mecânica e química. Também é utilizado em muros de arrimo, com a vantagem de ser mais resistente, devido à utilização do concreto.
Aplicação do concreto ciclópico. Existe um erro técnico na execução dos serviços. Você consegue identificar? Descubra ao final do artigo.
Outra utilização do CC se dá em barragens de concreto, devido aos grandes volumes de concreto necessários. O contrário, a utilização de concreto convencional sem a adição de pedras, é economicamente inviável.
As pedras devem ser inseridas somente no local de aplicação do CC. Nunca adicionar na betoneira – por razões óbvias.
Ambos os sistemas têm como vantagem a utilização de materiais volumosos e baratos – as pedras – que conferem volume à mistura e reduzem a quantidade de ligante, material mais caro da mistura.
Observa-se que não é aconselhável a utilização da APA como fundação ou baldrame. Isso porque o elemento de ligação, a argamassa, não tem quantidade de cimento suficiente para lhe conferir características estruturais. E para completar, a argamassa é vulnerável à agressividade do ambiente, podendo se desintegrar, causando consequentemente o colapso da peça.
A utilização dos dois sistemas construtivos deve ser feita por profissional legalmente habilitado que tenha experiência com a técnica construtiva em questão. Isso porque não há literatura que aborde tais tipos de peças do ponto de vista estrutural.
O que dificulta um cálculo estrutural preciso é a heterogeneidade do conjunto, que confere diferentes valores de rigidez (EI) para cada seção transversal da peça.
Uma grande diferença entre os dois sistemas pode ser percebida visualmente. Na APA, a argamassa é somente um elemento de ligação entre as pedras, ou seja, o volume de pedras é muito maior que o volume de argamassa.
No CC, o concreto não é utilizado apenas para ligar as pedras, mas é parte integrante e fundamental da estrutura. Logo, a proporção de concreto e de pedras no CC tende a ser mais equilibrada.
Um cuidado especial para os dois sistemas em questão – APA e CC – é de suma importância: a execução correta dos serviços.
O detalhe chave é o umedecimento das pedras antes do posicionamento na mistura. O objetivo aqui é prevenir a perda de água do concreto/argamassa para as pedras. Além de prejudicar as reações de pega do cimento, a interface pedra-ligante fica frágil, suscetível à ruptura. Tendo em vista que tanto na APA como no CC o volume de pedras é considerável, esse tipo de patologia pode comprometer a estrutura.
(Escrito por Cícero Batista Junior. Revisão: Úrsula Lacerda)
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